30 de setembro de 2010

João Pedro Marques, Os Sons do Silêncio: o Portugal de Oitocentos e a Abolição do Tráfico de Escravos, Lisboa, Instituto de Ciências Sociais, 1999, 509 páginas.

João Pedro Marques,

Os Sons do Silêncio: o Portugal de Oitocentos e a Abolição do Tráfico de Escravos,

Lisboa, Instituto de Ciências Sociais,

1999, 509 páginas.


livro em bom estado de conservação,coda5a-x12,escasso, não perca, saiba mais...



Este livro não constitui o primeiro contributo de João Pedro Marques para o conhecimento do tema do tráfico da escravatura e da sua abolição em Portugal. Há alguns anos que se encontram textos seus onde a profundidade da investigação e da interpretação se conjuga com excelentes leituras so bre o estado do estudo da questão na historiografia internacional.

Nesses trabalhos, e sobretudo neste, que constitui a versão publicada da sua dissertação de doutoramento, o autor desconstrói um dos mitos mais persistentes da história portuguesa, organizado em torno da imagem do pioneirismo português na luta antiescravista no século XIX.

Trata-se de uma imagem que traduz, como se explica nas primeiras páginas, o efeito conjugado do silêncio da historiografia portuguesa, da distorção, da omissão (que o autor considera existir nos trabalhos historiográficos que recentemente vieram interromper aquele silêncio) e também da (consequente) subvalorização historiográfica do tema da abolição da escravatura.

Neste livro, como noutros textos, o autor investe boa parte do seu trabalho analítico e de levantamento de informação para explicar por que é que, bem ao contrário dessa imagem, Portugal foi, na ordem dos factos, «um dos países ocidentais que mais tarde decretou a abolição [...] e um dos que durante mais tempo permaneceu maioritariamente estanque ou refractário às ideologias e políticas abolicionistas».

Uma das teses fundamentais do livro é a de que a explicação não reside tanto em factores de ordem exterior à «vontade» (como a resistência colonial à abolição ou a insuficiência dos meios para a concretizar) quanto numa ausência de «vontade» ou numa «‘vontade’ portuguesa» que pendia mais para a preservação do que para a abolição do comércio negreiro.
É para melhor compreender essa «vontade» que o autor se propõe reconstituir «o conjunto das representações mentais a respeito do abolicionismo» em Portugal.

Nenhum comentário: